Os outros
“Disse mais o Senhor a Moisés: Ordena aos filhos de Israel que lancem para fora do arraial a todo leproso, e a todo o que padece fluxo, e a todo o que está oriundo por ter tocado num morto; tanto homem como mulher os lançareis para fora, sim, para fora do arraial os lançareis; para que não contaminem o seu arraial, no meio do qual eu habito. Assim fizeram os filhos de Israel, lançando-os para fora do arraial; como o Senhor falara a Moisés, assim fizeram os filhos de Israel. Números 5.1-4
Mande [os impuros] para fora do acampamento, tanto homens como mulheres, para que não contaminem o seu próprio acampamento, onde habito entre eles (Nm 5.3).
Hoje é difícil para nós entendermos como um Deus de amor pode dar uma ordem como a que acabamos de ler. Ela nos faz perceber como a humanidade inverteu os valores divinos. Partimos do particular, do indivíduo. Por exemplo, chamamos de “direito humano” alguém se calar após matar uma porção de pessoas. Mesmo quando o grupo é importante, a atitude não está de acordo com o que Deus esperava.
A geração atual sempre se julga melhor do que as antecedentes, e em condições de avaliar e criticar seus valores. Aquelas que estão bem afastadas de nós no tempo são classificadas com nomes como da Idade da Pedra ou das Trevas, nômades e selvagens. Até parece que antes não houve gente de boa índole. Ao lermos as ordens dadas por Deus ao povo, notamos como ele protegia o coletivo. Os impuros (com lepra, fluxo ou que tinham tocado em cadáver) eram postos para fora do acampamento em benefício de uma comunidade de milhares.
Todavia, a porta não estaria fechada para sempre: santificados após um ritual, podiam ser inseridos de novo na coletividade. Nosso texto mostra o interesse nos outros, enquanto nossa escrita é: “Eu sou mais eu. Eu acho. Eu exijo meus direitos”. Cristo foi assim? Não. Ele foi o ser mais perfeito que habitou neste planeta e, mesmo não tendo doença contagiosa, cumpriu à risca essa orientação. Por amor aos outros (nós) tornou -se imundo quando assumiu nossa maldade, culpa e tudo o que não agrada ao Pai. Tendo sido posto fora da cidade, foi crucificado (Hb 13.12).
Devemos, então, buscar a santidade para que outros desfrutem de saúde espiritual e a Igreja do Senhor se torne digna de sua santa presença. Pensar nos outros sempre será a maior prova de amor. Ao cuidar da pureza do corpo de Cristo, estaremos cuidando daqueles por quem ele sofreu e morreu.
Seguir Jesus inclui pensar mais nos outros do que em si mesmo.
Graca e paz!!!